terça-feira, 25 de novembro de 2014

Silêncio Constrangedor



Só ouço o barulho da lavagem das louças
Dos bocejos e das cenas da televisão
Depois de estúpidas poucas e boas
Que foram faladas por bocas sem perdão

Só ouço o som do silêncio
Um tom estranho e seco de um desamor
As palavras ficam por dentro
Com os humanos recheados de rancor

Só ouço o sabor de mágoas insolentes
Que magoam a casa aos quatro cantos
Comportamentos levianos e descrentes
Só ouço a buzina acidental e seus danos

Parem, parem, parem
Ah, que se danem
Ah, que se matem
Irei ouvir música
O som é melhor
É menos constrangedor!

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Modo Indicativo



Tua pessoa do singular não se conjuga com a minha do plural
Tua primeira pessoa prima no prisma em ilusão referencial
A singularidade pluraliza esse sentimento universal
De classificação lógica e mais do que gramatical

Eu
Tu
Ele
Nós
Vós
Eles
E o resto do mundo

Pediremos para te conjugar mais perto
Descobrir e descobriremos o exercício certo
Um carimbo de nota dez será nosso mérito
Mesmo que o português esteja tão incrédulo

Tua luz impessoal é a vida, é o som e é o VERBO!

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Olhos gulosos



Teus olhos me engoliram
Num disparate magnífico
Foi tão solar tudo aquilo
Teus olhos me iludiram
E já era de se esperar

Teus olhos me engoliram
Provaram do bombom sortido
Saboreado, gostei disso
Teus olhos me saciam
E já estou por ti nesse gostar

Teus olhos me engoliram
Devoraram meu corpo perdido
Não estou nada arrependido
Teus olhos me dominam
Conflito, não sei aonde chegar

Teus olhos me engoliram
Teus olhos possuem um fascínio
Teus olhos se foram pelo caminho
Mas antes de tudo, sobrou o vestígio
Que teus olhos me engoliram
Como outros também engolirão

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Tez



Sua pele fala comigo
E me chama pra dançar
Seus poros abertos
Junto aos meus pólos internos
Balançam pelo ar

Oh sua pele, nobre lebre
Personifiquei-a
A fim de fazer pessoa
Prosa poética e dermatológica
Aproxime-se, vamos continuar

Um passo pra cá
E o outro pra lá
Sua pele apela apelando
Um sutil amor vai se formando
Seu rosto é um céu particular